As vezes, por falta de alternativas adequadas para a elaboração do sentimento negativo, é comum que a pessoa busque reparação dos males que lhe afligem, causando aos outros aborrecimentos semelhantes. No entanto, isto parece não funcionar, pois causar ao outro um mal equivalente nem sempre trás alívio.
O que é ressentir
Ressentir "é atribuir ao outro a responsabilidade pelo que nos faz sofrer" (KHEL, p. 11).
Fabichak (2010) cita o exemplo do ressentimento quando as pessoas que após a separação querem manter o vínculo, mesmo que seja o da briga. Tais pessoas tendem a buscar grandes reparações, por meio de pequenas provocações, motivados pelo ressentimento que insiste em imperar.
A culpa
Outro sentimento negativo que surge quando ocorrem estes dissabores afetivos é a culpa:
Ao colocar a culpa no outro, o ressentido supostamente pretende que o outro assuma a responsabilidade pelo que ocorreu, exigindo reparações que podem ser justas, ou exageradas em alguns casos.
Também pode ocorrer que os indivíduos coloquem a culpa em si mesmos, desenvolvendo sentimentos colaterais como remorso e menos-valia.
A vingança:
É o desejo de reparação de algum mal. Este sentimento pode impelir os indivíduos a agirem da mesma forma, pagarem na mesma moeda.
Não é aconselhável, por duas razões: primeiro porque a energia gasta em arquitetar um "plano de vingança" poderia ser usada para impulsionar melhorias na própria vida; segundo porque, mesmo quando levada a cabo, não produz reparações suficientes, colocando o indivíduo em situação de constante insatisfação, exigindo mais e mais reparações.
Como lidar com ressentimentos, culpa e desejo de vingança?
O ideal seria buscar formas de canalizar os sentimentos negativos para finalidades mais nobres, porém, quando os sentimentos negativos estão em alta, é muito difícil pensar em algo deste tipo. A sugestão é não tomar nenhuma decisão sob o calor das emoções, pois as consequências podem ser muito piores.
Para lidar com sentimentos de culpa e menos valia, o ideal é buscar ajuda psicoterápica, pois é necessário passar por um processo de renovação de identidade, formulando novas formas de autoconhecimento e aprender a emitir comportamentos e pensamentos mais saudáveis.
FABICHK, Cibele. Sexo, amor, endorfinas e bobagens. São Paulo, Novo Século: 2010.
KHEL, Maria Rita. Ressentimento.São Paulo. Casa do Psicólogo: 2011.