Embora sejam sentimentos distintos, a inveja e o ciúme são muitas vezes confundidos, pois são vivenciados com alguma intensidade. A diferença básica é que o ciúme envolve três elementos, enquanto a inveja envolve apenas dois


A inveja

Poucas pessoas admitem que sentem inveja. Mas este sentimento está presente na maioria das pessoas em alguma ocasião.
Creio que a maioria de nós ja sentiu, em algum momento da vida, um desconforto emocional ou psicológico, quando percebeu que estava em desvantagem perante alguma situação. A inveja (conceituada pela ´psicologia) surge justamente deste ponto: não é o desconforto psicológico que é a inveja, mas sim, as reações colaterais deste desconforto.

Suponhamos que eu descubra que minha colega de trabalho ganhou uma promoção. Mesmo que eu fique feliz por ela (afinal ela mereceu, batalhou, trabalhou duro durante meses e meses); mesmo que eu considere justíssima, ainda assim, pode ser que eu me sinta desconfortável.

Não afirmo que o desconforto psicológico seja pro causa dela, ao contrário (como eu disse, ela mereceu), mas sim, porque eu não fui promovida também (EMBORA TALVEZ EU NÃO TENHA FEITO NADA PARA MERECER ISSO). Pode ser que enquanto ela estava trabalhando, eu estava na praia; vendo TV ou praticando esportes.

Então, se reconheço o mérito dela, porque o desconforto psicólogico?

Por diversas razões:

1) Porque a promoção dela me mostrou que é possível alguém ser promovido, mas que é necessário sair da zona de conforto (algo que eu não havia feito), portanto, se quiser ser promovida, terei que anular meu comodismo;

2) Porque minha autoimagem pode estar distorcida: pode ser que eu estivesse superestimando minhas  capacidades profissionais, e subestimando as capacidades alheias. Isto se chama autoalienação psicologica;

3) Porque certamente sofrerei cobranças inadeauadas do meio social, e ouvirei coisas que não gostaria.

Algumas pessoas não conseguiriam lidar com isto, e tentariam matar o mal pela raiz, destruindo mo elemento desencadeador do desconforto (a promoção da colega). Estas pessoas tenderiam à sabotagem, à difamação, e a praticar uma variedade de comportamentos destrutivos.

Este conjunto de atitudes destrutivas podemos chamar de INVEJA.


Etmologia da palavra INVEJA



psicologo, sp, convenio, bradesco, sulamerica, amil, vila mariana, consulta gratisA etimologia da palavra inveja é formada pelos étimos latinos in (dentro de) + videre (olhar), que indicam o desejo de desviar o olhar de algo que incomoda. "Olhar para dentro" é o contrário de olhar para fora, onde o objeto do desejo está. O Olhar para dentro indicaria um sentimento de negação do objeto desejado.

Desta forma, é imperioso que o objeto desejado "desapareça" do campo de visão de quem o deseja. Este processo remete à destruição do objeto, seja de forma objetiva ou subjetiva (destruindo a representação do objeto desejado)


Onde nasce a inveja?



Melanie Klein (1991) aponta que a inveja é uma emoção muito arcaica que remonta ao nascimento, no sentimento de frustração que surge no momento em que as necessidades não são atendidas. A frustração  é o sentimento oriundo da ausência de gratificação, que remontaria ao sentimento de raiva por precisar de  (ou desejar)  algo inacessível (em dado momento).


Como se manifesta


O desejo de destruição existe para eliminar os parâmetros de comparação e se manifesta pela negação:

"Eu não queria mesmo....""Nem reparei que você tingiu o cabelo"

Neste caso há uma tendência a destruir o objeto de forma subjetiva. Por não existir a possibilidade de destruir o objeto que incomoda de forma objetiva, o invejoso o faz de forma subjetiva, desviando o olhar daquilo que tanto o incomoda. 


Ou pela racionalização:

“Claro que ela tirou notas boas. Passou a noite inteira estudando. Não fez mais do que obrigação”.

Nestas circunstância, a tendência é minimizar os méritos do outro, simplificando o processo e banalizando os méritos.

Outra forma de manifestação muito presente nos diversos contextos, é a tendência de algum indivíduo se colocar na posição de objeto de inveja: em geral, têm dificuldades em reconhecer suas limitações, passando a viver em um mundo imaginário de superioridade. Estas pessoas acreditam que o outro o persegue, uma vez que não consegue lidar com sua pouca habilidade de solucionar conflitos, e adaptar-se aos novos contextos.


Inveja Branca



Quando falamos de “inveja branca”, não estamos nos referindo ao mesmo conceito, uma vez que esta “inveja branca” pode ser entendida como “Admiração”. A diferença básica é que na admiração não há desejo de destruição do outro e sim uma tendência à imitação (que pode ser bastante prejudicial se não houver parâmetros, já que pode ser entendida como uma espécie de roubo de identidade).



Referências



FIGUEIREDO, Maria Flávia; FERREIRA, Luis Antonio. Olhos de Caim: a inveja sob as lentes da linguística  e da psicanálise. Sentidos em movimento: identidade e argumentação. Coleção Mestrado em Lingüística. 2011 -publicacoes.unifran.br

KLEIN, Melanie. Inveja, Gratidão e outros trabalho. Rio de Janeiro. Imago: 1991.


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